sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

‘Rolezinho’ em Ribeirão Preto (SP) é impedido de acontecer pela Polícia Civil, após denúncia da burguesia

Um ‘rolezinho’ estava sendo organizado por um grupo de jovens, em Ribeirão Preto, com o fim de reunir amigos para um instante de lazer. Entretanto, a Polícia Civil, com mando dos representantes do Shopping Santa Úrsula (onde aconteceria o evento), impediu-o de ocorrer da forma mais desproporcional possível: ontem (16 de janeiro), os jovens organizadores, foram intimados a depor e estão sendo investigados por ‘incitação ao crime’! Uma alegação absurda, digna de cães de guarda das classes dominantes, papel que a Polícia Civil fez neste episódio.

Alegação de caráter claramente classista! 

Na delegacia, o delegado Haroldo Chaud perguntou aos jovens se eles ‘faziam parte de alguma organização terrorista ou comunista’ [em uma possível referência à Unidade Vermelha]. Não satisfeito, intimidou os jovens falando que os mesmos ‘iriam arcar com qualquer objeto furtado’... E disse ainda que ‘a responsabilidade seria dos jovens, caso alguém morresse’, o que não há o menor contexto com um encontro entre amigos.

Os jovens organizadores afirmam que o evento ficou aberto e, de repente, saiu do controle e tomou um tamanho inesperado.

"Lógico que o 'rolezinho' não é crime. É um movimento legítimo de jovens que buscam se manifestar. Os shoppings são símbolos do que é cerceado à grande maioria. A criminalização só demonstra que a polícia não está preparada para lidar com manifestações, como já foi demonstrado com os movimentos Passe Livre. Para mim, esse é um processo de criminalização da pobreza. Eu entendo que a Polícia está equivocada. O que aconteceu em Ribeirão é uma repressão preventiva, já que o 'rolezinho' nem mesmo aconteceu".  - Sérgio Kodato, Coordenador do Observatório de Violência.
O caráter da ação da Polícia Civil foi claramente para estabelecer a ordem e evitar um acirramento cultural da luta de classes, sob ordens da burguesia (mesmo que este evento não tenha tido esse fim inicial). Segundo o próprio delegado, um dos motivos de se ter cancelado o evento com intervenção da Polícia foi uma frase proferida por um jovem negro:

“O outro coloca uma coisa um pouco mais agressiva, mas não criminosa. ‘A favela contra a classe média’. A frase tem potencial de incendiar o negócio”, disse o delegado. 

No dia seguinte: 

No dia seguinte do envolvimento da Polícia Civil, no evento do “rolezinho” no Facebook, policiais militares intimidaram os jovens com ameaças e incitando a violência (de fato). Alguns deles chegaram a incitar que outros amigos do Facebook intimidassem também os jovens, proferindo palavras ofensivas e chamando os jovens de “bandidos” somente porque utilizam bonés “aba-reta”, como mostram as imagens a seguir:

 




Infelizmente, a Polícia Civil não irá investigá-los por incitação a violência. Afinal, o que a burguesia tem a ganhar com isso?
Isso deixou claro para nós o medo da burguesia ribeirão-pretana e sua ansiedade para reprimir qualquer um que vá contra sua hegemonia, cultural, política ou economicamente. Esse medo foi expresso numa atitude afobada, repreendendo um evento inofensivo para intimidar os jovens, transformando-os em um “monstros vermelhos, terroristas ou comunistas”.  Eles temem a consciência das classes exploradas, assim como temem as classes em ascensão. Eles temem os revolucionários que se organizam, assim como temem a organização dos revolucionários em conjunto com as massas. 

Não vacilaremos! Nenhum passo atrás! À Unidade! 

- Unidade Vermelha - Ribeirão Preto SP