1. O que propiciou a origem da Unidade Vermelha
Em fevereiro
de 2013, em Recife (PE), alguns jovens revolucionários independentes passaram a
se reunir e se organizar preocupados com a fragmentação da esquerda e a pouca
combatividade das lutas de massa no país. Acreditavam que sem uma ação radical
as lutas jamais seriam capazes de incomodar o Estado, e que era fundamental
defender e insuflar a violência revolucionária das massas, mostrando-lhes com o
exemplo da ação que podemos e devemos reagir contra a violência institucional
das classes dominantes. Também se preocupavam com o pouco esforço que as
organizações de esquerda, tanto de alas mais revolucionárias como das mais
moderadas, de conseguir se unir minimamente para organizar e construir as lutas
populares. Determinados a dar sua parcela de contribuição para mudar este
panorama, estes jovens – talvez loucos, talvez apenas audaciosos – decidiram
criar uma nova Organização.
A esta nova
Organização, estes camaradas deram-lhe o nome de Unidade Vermelha, em
referência a luta pela união da esquerda que defendem como princípio
fundamental.
2. Resultado prático desta linha política
A partir de
Junho de 2013 a Organização passou a se expandir pelo resto do país como rastro
de pólvora, chegando-se as cinco regiões do país. Seu programa de 12 pontos
contagiou muitos jovens pelo país que estavam cansados da passividade e da
fragmentação da luta popular. A justa linha traçada pelos seus dirigentes
conseguiu ser capaz de fazer com que a Organização ganhasse destaque e respeito
pelas mais variadas forças de esquerda do cenário político nacional.
Em Pernambuco,
o prestígio crescente da UV despertou inveja, por um lado, e intentos de
cooptação por algumas forças políticas, mas que se conseguiu resolver devido ao
grande e paciente esforço dos camaradas pernambucanos empenhados a se manterem
fiéis ao seu discurso de lutar pela unidade do movimento. Desta forma, aos
poucos, foi sendo possível garantir o respeito e a independência política e
ideológica da Organização.
Para
exemplificar, os companheiros da UV em Pernambuco contribuiram decisivamente na
fundação da FIP (Frente Independente Popular), agregando os grupos mais
radicais, sem no entanto romperem com a FLTP (Frente de Luta pelo Transporte
Público), que agregava os partidos tradicionais como PCR, PSTU, PSOL, e algumas
correntes do PT. Sem deixar de criticar as vacilações 'direitistas' de alguns
grupos da FLTP, ao mesmo tempo que também se posicionavam contra alguns
excessos e posições “esquerdistas” e “espontaneístas” que chegaram a ser
defendidas por membros da FIP, os camaradas de Pernambuco conseguiram com
dificuldade ficar por muitas vezes em uma linha tênue, muitas vezes até não
perfeitamente compreendida, mais que era essencial para o triunfo de uma maior
unidade e radicalização das lutas políticas no Estado. Emblemáticos são dois
exemplos: O protesto memorável do dia 21 de Agosto de 2013 que foi unificado
entre as duas frentes (FIP e FLTP), sobretudo graças aos esforços da UV-PE.
Este protesto foi o mais radicalizado e combativo da história recente no
estado, onde o camarada Dantas foi apontado como líder da passeata que teve como saldo o ataque à Câmara dos
vereadores, mais de 60 ônibus depredados e um incendiado. O outro exemplo, foi
no protesto do dia 18 de setembro, também unificado, onde o camarada Torres foi
o preso (sendo o único militante no estado enviado a um presídio no período), e
que contou com a solidariedade sobretudo do MEPR, mas também das mais variadas
forças políticas no estado. A linha justa e correta do programa de 12 pontos
cumpria na prática seu objetivo, contribuindo para unificar o movimento e
elevar sua radicalidade.
3.
Rápida ampliação do Comando e omissão de posições
O
crescimento e expansão da UV pelo país levou, seguindo os princípios democráticos que sempre nortearam seus fundadores, a
rápida expansão do Comando Nacional, abrindo espaço para que as novas bases pudessem
nele se representar. Entretanto, alguns membros novos deste Comando omitiam
suas posições e intenções verdadeiras, que era a de modificar por completo os
princípios e o programa da Unidade Vermelha. Fingiam cinicamente concordar com
os pontos principais do programa, sobretudo no que se refere à sua amplitude
tática e sua defesa de construção de uma ampla frente progressista e patriótica
entre a esquerda.
Sem defender
honestamente estas posições, eles esperaram o momento mais oportuno para tentar
decididamente mudar a justa linha política da Organização e impor
gradativamente suas teses esquerdistas. Este momento se iniciou quando do
afastamento do camarada Torres por problemas pessoais, e do Dantas por
problemas de saúde e sua posterior licença temporária do Comando devido a
necessidades profissionais. A partir da menor dedicação dos membros que
verdadeiramente se preocupavam e prezavam pelo programa e pelos princípios
responsáveis pela criação da UV.
4.
Descumprimento do Programa e dos Princípios básicos da UV
Frequentemente
e de forma cada vez mais intensa, alguns membros do Comando, acobertados
cinicamente por outros, passaram a hostilizar generalizadamente todos e
quaisquer partidos que consideravam “oportunistas”, salvando-se apenas o MEPR e
agrupamentos anarquistas. O Daniel Mont'Serraint chegou ao absurdo de defender publicamente
que a sede do PSTU fosse queimada e depredada (nossas divergências com este
partido são inúmeras, mas jamais um membro de uma direção nacional de uma
Organização responsável e madura faria tamanha sandice). Recorrendo a formações
temporárias de tendência para garantir a aprovação de determinadas posições, passando
à exaltação acrítica das FIPs e desprezando quaisquer mínimas alianças com
grupos "menos extremistas", como o PCB, a JCA, o PCR, etc., tachando os
generalizadamente como “oportunistas”, “pequeno-burgueses” e até mesmo
contrarrevolucionários.
ANEXO 1: Uma das formações temporárias de tendência dentro do Comando, estatutariamente proibidas.
ANEXO 1: Uma das formações temporárias de tendência dentro do Comando, estatutariamente proibidas.
O alvo
prioritário era o PCB, partido que construía com os camaradas pernambucanos a o
Movimento de Universidade Popular. Para desprestigiar ainda mais o engajado
trabalho militante dos camaradas de Pernambuco (no intuito principal de
desestabilizar e sabotar a liderança do Comandante Geral Torres), chegaram a
ameaçar obrigar os camaradas de PE a romper com o PCB, e em outras declarações
(também públicas) o mesmo Daniel Mont'Serraint chegou repetidas vezes a desprezar a
importância do movimento estudantil, desdenhando completamente do trabalho recém-iniciado
em PE, mais uma vez de forma pioneira nacionalmente, em criar uma célula
exclusivamente universitária, participando inclusive da disputa do DCE da
Universidade Federal de Pernambuco.
Este mesmo
membro chegou ao disparate de dizer dentro do Comando que o Programa da UV era “reformista”
e que isso era “problema de quem o escreveu”, demonstrando claramente seu
esquerdismo e que omitia suas posições verdadeiras quando entrou para a
Organização, jurando defender seu programa revolucionáro.
ANEXO 2: Programa revolucionário "reformista" (sic!).
ANEXO 2: Programa revolucionário "reformista" (sic!).
Zombando do
trabalho de base, apostando unicamente nas táticas de protestos de rua
radicalizados, alguns membros do comando deixavam claro suas intenções de
transformar a UV, não em uma Organização revolucionária séria e consequente,
mas sim em um grupo inconsequente e irresponsável baseado exclusivamente em protestos radicais, zombando do trabalho de base
e da formação ideológica de nossos militantes, contribuindo não para unificar à
esquerda nas lutas populares, mas sim em dividi-la e fragmentá-la ainda mais,
renegando por completo o programa da UV, em especial em seu artigo primeiro,
que como falado anteriormente, dita o próprio nome da Organização.
5.
Critérios de emulação ao Comando e desrespeito a autonomia das mulheres
Estes
desvios que repercutiram diretamente na teoria e na prática de atuação do
Comando Nacional, chegou ao absurdo de desprezar os critérios minimamente
responsáveis de emulação dos companheiros, utilizando-se dos mais diversos subterfúgios
para impor uma decisão completamente antidemocrática referente ao ingresso da
companheira Lara no Comando Nacional.
A mesma
tinha se retirado da organização a alguns meses, sendo apontada pelo seu
próprio irmão como responsável por denunciar a sua mãe críticas políticas que
recebia do coletivo, demonstrando não saber separar problemas familiares dos
políticos, seu irmão de seu dirigente, chegando ao ponto de insinuar que a
direção seria compostas de “porcos”. Com sua inegável evolução, a companheira
voltou a organização e em exatos três meses posterior a seu reingresso seu
irmão a indicou do Comando, sem haver minimamente um tempo hábil para que essa
evolução se consolidasse na prática.
Se valendo
de sua relação amorosa com outro membro do Comando seu nome foi aprovado
absolutamente por “coleguismo”, mas isso não é o mais grave. O mais grave é que
para tanto foi rejeitada a proposta de criação de um cargo no Comando para as “Opressões” (Mulheres, Negros, LGBT*, Xenofobia
e etc), demonstrando negligência pela luta dessas minorias, criando-se um cargo
só para a questão feminina devido a recente organização delas no Coletivo Anita Garibaldi. O Jean que
possui relações com a Lara chegou ao cúmulo de afirmar na reunião que as demais
organizações de esquerda que possuíam o cargo de Opressões eram falidas e que
terem este cargo era uma evidência de sua falência, associando a luta de
opressões ao ‘peleguismo’.
Entretanto,
o subterfúgio mais grave foi terem aprovado o ingresso sem querer referendar o
nome da companheira sem a aprovação do Comitê Feminino (o órgão de representação
das mulheres da UV), desrespeitando inclusive o próprio estatuto que diz
claramente que os militantes que forem eleitos para cargos dirigentes devem ser
referendados pelas bases a que militam, no caso citado, evidentemente, se
trataria da base feminina, uma vez que o cargo era de representação das
mulheres, e não de uma base regional ou qualquer outro cargo convencional.
ANEXO 3: Desrespeito a autonomia das mulheres do Comitê Feminino
ANEXO 3: Desrespeito a autonomia das mulheres do Comitê Feminino
Tudo isso que
foi feito, a seguir: ferir a autonomia das mulheres, o estatuto, e os próprios
critérios básicos de emulação, além de negligenciar as demais opressões, foi
feito com o objetivo de impedir a indicação da companheira Mylena, que tem
enorme embasamento teórico e prático na luta não apenas das mulheres, como da
causa negra e LGBT*, devido as suas conhecidas divergências com os elementos
esquerdistas – em especial o Daniel Mont'Serraint, por suas posturas sectárias – em decorrência
dela sempre defender o programa da UV integralmente, e não apenas as partes que lhe
convém.
Isto também foi feito com o objetivo, já previamente planejado, de minar ao máximo possível a liderança do Comandante Torres e de isolar ainda mais a base fundadora da UV em Pernambuco, facilitando o caminho para as acusações que se seguiram, de forma cínica e desonesta de que os companheiros de Pernambuco seriam pelegos, oportunistas e estariam a fazer “complô” com o PCB (sic!).
Isto também foi feito com o objetivo, já previamente planejado, de minar ao máximo possível a liderança do Comandante Torres e de isolar ainda mais a base fundadora da UV em Pernambuco, facilitando o caminho para as acusações que se seguiram, de forma cínica e desonesta de que os companheiros de Pernambuco seriam pelegos, oportunistas e estariam a fazer “complô” com o PCB (sic!).
6.
Ultrapassando o limite do absurdo
O estopim da
ruptura interna se deu quando o Comandante Geral Torres escreveu um texto
alertando as bases contra os desvios esquerdistas. Ciente que um debate
eleitoral se avizinhava o camarada Torres procurou manter a todo custo a
unidade do partido, citando o caso eleitoral apenas para exemplificar o combate
as posições principistas, tanto de
direita como ‘de esquerda’, preparando os camaradas com as posições mais
discrepantes (seja participar a todo custo das eleições, seja negar totalmente
o processo eleitoral burguês) de que a decisão que seria tomada seria de
caráter tático, e não como um principio
universal.
Qualquer
leitor bem intencionado ou que saiba minimamente interpretar um texto deduziria
facilmente estas questões, como prova que o texto foi divulgado e elogiado
tanto pelos membros da base que defendiam participar das eleições como por
outros que defendiam categoricamente o voto nulo. Inclusive o camarada além de
defender a unidade do partido, cumpria a ultima deliberação interna e
consensual do Comando acerca do assunto, em que a resolução sobre as eleições
deveria ser tomada por um viés tático,
rejeitando-se completamente qualquer debate principista sobre o assunto.
Em seguida
os membros sectários do Comando Nacional decidiram publicar uma nota
provocativa, defendendo categoricamente o boicote eleitoral, atropelando
completamente o debate eleitoral que ocorreria no dia seguinte e desrespeitando
as deliberações do Comando sobre não defender publicamente nenhuma posição
prévia sobre as eleições burguesas até o partido tomar uma posição, além da já
referida deliberação consensual de não defender o boicote eleitoral por
principio, algo que poderia ser mudado com o debate eleitoral com as bases, mas
que, jamais antes deste, atropelando de forma oportunista o próprio debate e a
unidade do partido.
Utilizando-se
dos subterfúgios mais cínicos e hipócritas, alguns membros do Comando chegaram
a dizer que o texto seria legítimo por ter sido publicado no Vermelho à
Esquerda, órgão independente, como se cada militante fosse livre para defender
posições contrárias as deliberações tomadas, desde que não fosse no blog da UV
(sic!).
Além disso,
chegaram a dizer que o texto publicado pelos sectários não defendia o boicote,
zombando da capacidade interpretativa dos camaradas que bastava ver a foto da
publicação (com os dizeres “Eleição é farsa! Não votar!”) para saber claramente
o conteúdo que visava defender.
ANEXO 4: Clara defesa do boicote
ANEXO 4: Clara defesa do boicote
Outra
alegação é de que o texto seria justificado, pois estaria em oposição ao texto
do Comandante Torres, que também teria atropelado o debate eleitoral. Esta é
mais uma acusação mentirosa visto que o camarada Torres não defendeu a
participação no processo eleitoral ou voto em algum candidato, nem das eleições
que se avizinhavam, ele tratava explicitamente, apenas se preocupando em defender
a posição que já havia sido deliberada de tratar o debate por uma forma tática,
e não principista.
Sem mais
argumentos, chegando ao cúmulo da canalhice covarde, alguns membros bradaram “não
se pode criticar o esquerdismo dentro da organização, visto que ela é ampla!”,
como se estes mesmos membros não criticassem abertamente (e neste aspecto de
forma correta, como todos fazemos) os desvios de direita, ou seja, o reformismo
e o ‘peleguismo’. Agindo de tal forma hipócrita, apenas comprovaram que o texto
os incomodou não por qualquer questão relacionada as eleições, mas sim, por
criticar categoricamente os desvios esquerdistas, os quais implicitamente
assumem de forma categórica pelas suas práticas.
O Comandante
Torres reagiu removendo o texto do Jean e propondo uma punição para o mesmo
dentro do Comando, o que foi prontamente negado pela tendência esquerdista que
havia planejado tudo, chegando a ofendê-lo, e até ameaça-lo fisicamente (vejam
até que ponto chegaram estes senhores!), ordenando-o que removesse sua
publicação sem querer esperar e travar um debate entre o Comando para resolver
o impasse.
Sabendo
serem capazes de tudo, como é típico de todos os esquerdistas, Torres foi obrigado
a tomar medidas preventivas para impedir mais violações golpistas do
centralismo democrático e do programa do partido. Recentemente a própria página
da Unidade Vermelha foi atacada, com suas fotos históricas removidas, mostrando
que se o camarada não utilizasse de sua autoridade para garantir a defesa das
páginas da UV e do VáE, provavelmente elas nem existiriam mais. Podemos
lamentar, entretanto, do camarada não ter utilizado suficientemente de sua
autoridade a ponto de impedir os estragos causados na página da Unidade
Vermelha.
Conclamamos
todos os militantes sinceros da Unidade Vermelha a defenderem categoricamente o
nosso programa e os nossos princípios revolucionários, renegando todos os que
violaram o centralismo democrático, pisaram sobre o programa e sabotaram a unidade do partido.
É dever
essencial de todo militante da UV defender o seu programa, e quando uma ligeira
maioria do Comando (principal responsável por defendê-lo) passa a
desrespeita-lo continuadamente, só nos resta tomar as medidas necessárias para
salvar os princípios sagrados que nos fizeram construir a Unidade Vermelha. Nem
que para isso tenhamos que reconstruí-la, e os que violaram seu programa e
princípios, que escolham um bom nome para sua nova sectária organização, pois
jamais serão dignos do nome Unidade
Vermelha, que como o próprio nome diz, é inimiga do sectarismo e da divisão
na esquerda brasileira.
Aos
verdadeiros e honestos camaradas, nossos sinceros, mais que nunca,
À Unidade!