O Programa Vermelho


1. Defendemos a unidade política entre as organizações de esquerda, progressistas, patrióticas e revolucionárias. Tendo em vista que a principal luta no Brasil é a luta travada contra o imperialismo, os revolucionários comunistas devem mobilizar os mais amplos setores da sociedade que possam colaborar na expulsão das forças do império do território brasileiro.
2. Reivindicamos a tomada violenta do Poder pelo povo, visto que a grande burguesia e o imperialismo não irão se submeter à vontade popular, pois eles não aceitarão perder seus privilégios políticos e econômicos dentro da legalidade e ordem burguesa. Por isso, os comunistas brasileiros devem levar a cabo a construção de um autêntico partido de vanguarda (marxista-leninista), e do exército popular e revolucionário, que garantirão a vitória política e militar do processo de libertação nacional brasileiro.
3. O triunfo revolucionário das massas deve culminar no estabelecimento de um governo nacional, popular e revolucionário, que leve a cabo a construção do regime de ditadura democrático-popular. As forças nacionais que podem contribuir com o estabelecimento do governo popular e revolucionário são: os demais trabalhadores, os camponeses, estudantes, intelectuais, pequenos proprietários e setores progressistas da média burguesia brasileira. Todas essas camadas da sociedade podem dar alguma contribuição ao processo de libertação nacional, entretanto, devem todos eles se submeterem a inconteste classe dirigente da revolução brasileira: o proletariado. Apenas um governo revolucionário das massas populares, sob a direção do proletariado, poderá conduzir a revolução nacional-libertadora ininterrupta ao socialismo.
4. Não pagamento da dívida pública (externa e interna); estatização do sistema financeiro e nacionalização de todos grandes bancos (estrangeiros e nacionais) em um único banco nacional; expropriação das transnacionais “brasileiras” de capital associado, da burguesia importadora, e de setores da média burguesia brasileira que traiam seu povo e colaborarem com o imperialismo; monopólio do comércio exterior; e, por último, aplicação imediata de uma carga tributária com impostos fortemente progressivos sobre grandes propriedades e fortunas. Com todas essas medidas, o governo revolucionário terá suficiente receita para promover uma autêntica e profunda industrialização nacional, com uma economia planificada e planejada (em prol da construção do socialismo), além dos investimentos massivos que deverá realizar em outras áreas.
5. Solidariedade a todos as organizações comunistas e anti-imperialistas que lutam em seus países contra os desmandos do imperialismo. Defendemos a soberania nacional, respeito soberania dos povos e a aplicação de uma política externa independente – que tenha como norte a integração latino-americana e a cooperação internacionalista com países socialistas e anti-imperialistas.
6. Imediata aplicação da reforma agrária, sem a indenização dos latifundiários e grandes proprietários de terra. A resolução do problema agrário no Brasil passa tanto pela aniquilação das atrasadas relações de produção que vigoram em nosso campo (no qual ainda persistem alguns traços pré-capitalistas e de semifeudalidade), quanto pela expulsão do agronegócio (que reforça o modelo agroexportador brasileiro de dependência ao imperialismo). A aplicação da reforma agrária terá peculiaridades em cada local e região do Brasil, entretanto, ela terá como meta a centralização das terras brasileiras no governo nacional. A partir da redistribuição das terras entre os pequenos produtores rurais, deve-se estimular a formação de cooperativas e fazendas coletivas; o proletariado, por sua vez, educará os camponeses no espírito da ideologia revolucionária, conscientizando os mesmos da necessidade da nacionalização das terras e a transformação delas em Propriedade de Todo o Povo.
7. Expulsão das empresas imperialistas que operam na Amazônia e a criação de um novo código florestal que institua regras gerais sobre onde e de que forma a vegetação nativa do território brasileiro pode ser explorada. Este novo código florestal, determinará quais serão as áreas autorizadas a receber diferentes tipos de produção rural, de uma forma mais rígida que o atual código, visando, de fato, preservar as florestas brasileiras.
8. Nacionalização das empresas de caráter estratégicos (energia, transporte, etc.); plena nacionalização de todas as nossas riquezas naturais que deveriam ser nossas por direito (minas, petróleo, etc.). Além disso, reivindicamos a imediata reestatização de todas as antigas empresas estatais que sofreram com privatizações dos governos neoliberais (como gestões do PMDB e PSDB) e das “concessões” dos governos conciliadores com o imperialismo (como as gestões do PT).
9. Defendemos a elevação do salário da classe operária e dos trabalhadores assalariados em geral, melhoria das condições de trabalho, e redução da jornada de trabalho para 6 horas diárias. Havendo uma política de expansão da industrialização nacional, do crescente investimento no desenvolvimento das forças produtivas, conjuntamente com a redução da jornada de trabalho, haverá espaço para mais pessoas se integrarem a tais setores produtivos, bem como em todas as áreas profissionais, e assim caminharemos para a extinção do desemprego, e o Brasil, da libertação nacional caminhará ao socialismo.
10. Criação de conselhos populares compostos por operários, camponeses, soldados e demais trabalhadores do campo e da cidade, além de estudantes, intelectuais progressistas e segmentos das classes produtoras que não tenham conspirado contra o povo. Os conselhos populares servirão para fiscalizar o poder público e garantir do Estado suas demandas, bem como garantir o controle social dos grandes meios de comunicação.
11. Lutar conta os preconceitos e opressões apoiando a luta das mulheres por sua emancipação, a luta do povo negro contra o racismo, a luta contra a homofobia, e a luta por autonomia dos povos indígenas. Estimular que esses grupos se insiram no movimento revolucionário e de libertação nacional e que participem da luta em prol da construção do exército popular e revolucionário.
12. Por um Estado verdadeiramente laico que, de fato, respeite a cultura afro, suas crenças, símbolos e tradições, e que igualmente garanta à mulher o direito ao aborto. A religião deve ser um assunto tão somente de caráter privado, e as ingerências de indivíduos e instituições religiosas que visem desrespeitar a laicidade na educação ou na política, devem ser exemplarmente punidos.
13. Defendemos o estabelecimento de uma moral emancipadora e revolucionária que vise formar um novo homem e uma nova mulher, calcada numa perspectiva de mundo dialética e com bases racionais. Não compactuamos com as muitas facetas do moralismo reacionário, seja os resquícios da moralidade feudal ou a vigente moralidade liberal burguesa. Devemos lutar contra à degeneração moral que o capitalismo impõe a nossa sociedade, repudiando o consumismo, os vícios e a perversão sexual. Combateremos todos esses males com o fortalecimento de uma cultura emancipadora.
14. Realização de investimento massivo nas principais áreas sociais: Educação, Saúde, Transporte e Habitação. O governo revolucionário deve garantir o livre acesso dos jovens à uma educação de qualidade; a construção de habitações dignas, para que ninguém mais viva nas ruas; uma rede de transportes autenticamente pública, de qualidade e acessível a todos; bem como a construção de hospitais, postos de saúde e clínicas populares, para que nossa rede de saúde pública seja de primeiro nível. Com a não pagamento das dívidas do Estado brasileiro e a nacionalização de todo capital financeiro, teremos receita suficiente para oferecer serviços públicos de qualidade que sejam de alcance de toda a população. Além de promover a industrialização nacional e o investimento massivo nas áreas sociais, devem ser aplicados investimentos dignos na produção científica e no desenvolvimento tecnológico, assim como nos esportes, na cultura nacional e popular, no saneamento básico e na construção de diversas praças públicas e áreas de lazer.
15. Defendemos o estabelecimento de um tribunal especial e revolucionário para apurar os crimes cometidos contra o povo. O objetivo seria punir não apenas os torturadores e inimigos de classe que massacraram milhares de revolucionários durante a ditadura militar-fascista, como também os crimes que ocorreram no regime democrático-burguês, desde a corrupção às arbitrariedades que até hoje são cometidas contra os militantes e lutadores sociais. Todos os terríveis atos cometidos contra o povo devem ser pagos com sangue. Não haverá piedade para os inimigos do povo. Nossa luta revolucionária não é por vingança, mas tão somente por justiça. E não há justiça possível para o Brasil, se não a que for conquistada e assegurada através da ponta de um fuzil.