terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Nota da Unidade Vermelha sobre a conjuntura na Ucrânia.


Um espectro ronda o mundo, o espectro da revolução. Os protestos ocorrem cada vez com mais freqüência, em diversos lugares do mundo. Nesse ano já tivemos forte mobilizações populares no Brasil, Ucrânia, Egito, Argentina, Chile, Espanha, Portugal e etc, e todos tem um laço em comum que deve ser colocado em pauta.

A partir do momento em que diversos lugares do mundo surgem protestos, e a maioria deles normalmente contam com as mesmas pautas, então algo está errado como um todo e não apenas em um ou outro governo local. Cada vez mais vemos situações deploráveis por conta das contradições do capitalismo, e a única forma de acabar com essas situações não é apenas reivindicando educação, saúde, transporte e etc, e sim lutando contra o capitalismo e a classe que o sustenta.


A Ucrânia já há algum tempo vem tendo protestos contra o atual governo, e a principal pauta dos manifestantes é o pedido de entrada do país (ou forte aliança); na zona do Euro, e o afastamento das relações sócio-econômicas com a Rússia. A crise do capitalismo em 2008 que ainda reflete seus efeitos pelo mundo inteiro sem dúvidas chegou à Ucrânia, e por isso a situação econômica e social do país está em decadência. Vamos lembrar-nos de 2012, que mesmo sendo país sede da Eurocopa e recebendo alto fluxo de capital estrangeiro (dos mesmos países que hoje os manifestantes pedem aliança), o país não teve grandes avanços na questão social. O que vimos em 2012 é muito conhecido por nós brasileiros, alto investimentos em estádios e estrutura para estrangeiros, e em consquência disso desapropriação de moradores e política de higienização pública contra a população mais pobre.

Viktor Yanukovytch atual presidente do país (também alvo dos protestos) foi um dos principais pilares da organização da Eurocopa, e também com sua política de centro-direita fez com que a classe média e pobre sentissem a crise mais de perto. Os manifestantes não fazem errado ao protestarem contra o presidente, o erro está na solução para o problema. Não vai ser pedindo apoio da União Europeia que situação se resolverá, muito menos trocando de governo ou pior ainda dando brechas para os movimentos fascistas, o problema é o capitalismo, a Ucrânia hoje passa por dificuldades preocupantes por conta desse sistema que privilegia apenas a burguesia (crescimento do trabalho infantil, aumento de moradores de ruas, mortes por doenças simples por falta de tratamento hospitalar e etc). Não se deixem levar pela propaganda imperialista e midiática sobre o passado da Ucrânia, toda mentira construída em torno da experiência socialista soviética e em relação à Ucrânia deve ser estudada e combatida.

Quando os manifestantes destroem a estátua de Lenin, como símbolo de liberdade, na verdade eles estão sendo jogados contra sua própria história. Não vamos esquecer da miséria que o país sofreu, das crises de fome, do abandono da população em geral até a construção do socialismo soviético. Muitos que apoiaram tal ato mal sabem quem foi Lenin e o legado dele para o país, mas quem coordena esse tipo de ato sabe muito bem do que estamos falando. Os grupos fascistas se aproveitam de momentos em crise como esse para propagar suas idéias, que na finalidade é apenas preservar a estrutura burguesa do capitalismo e ter uma política anti-socialista, e destruir símbolos do socialismo no país é um desses passos.

A luta de classes está presente nesse sentimento de revolta do povo ucraniano, a maioria que está nas ruas só não percebe isso por toda caricatura criada em torno da história do país ao longo de décadas. Mesmo de forma ‘ingênua’ esse levante ucraniano é uma prova de que uma hora ou outra as contradições do capitalismo se transformam em protestos. 

O país precisa sim e pode se relacionar economicamente com outros países, só não pode cair na furada de entrar para um dos pilares do imperialismo mundial a União Europeia, que funciona apenas para nações ‘desenvolvidas’ se construírem pela exploração de nações ‘pobres’. A união com a Rússia também não é a melhor forma de se resolver essa situação e apenas mudar de governo também não resolverá muito. O povo ucraniano deve lutar pela sua libertação, e um desses caminhos é uma revolução social, para isso os partidos de esquerda na Ucrânia devem fortalecer o trabalho de base e lutar espaço por espaço contra o fascismo e o liberalismo.

Nós como organização revolucionária, enviamos nossa mensagem de apoio aos partidos de esquerda ucranianos, para que possam fazer um forte trabalho de base e construir um movimento revolucionário no país. Sigamos o exemplo do KKE na Grécia, quando o capitalismo entra nessas fases é a hora essencial para o trabalho revolucionário. 

Todo apoio as organizações de esquerda ucraniana, e que elas vençam a direita no âmbito político e social, e consigam livrar o país das políticas exploradoras provenientes do capitalismo!

À Unidade!