
Informações e dados importantes
• Mensalão: Em resumo, Mensalão é nome dado pela grande imprensa, ao caso de denúncia de
corrupção política, mediante a compra de votos parlamentares no Congresso Nacional do Brasil (entre 2005
e 2006). Nessa denúncia, situavam como protagonistas integrantes do governo de
Lula, e membros do PT (Partido dos
Trabalhadores).
• Caráter da gestão do PT: Bom, ao contrário de gerências de
esquerdas mais ofensivas, tal qual a esquerda Venezuelana, o PT, pelo
contrário, se caracteriza por dirigir uma gerência de conciliação entre
trabalhadores e burguesia, e muitas vezes nem de conciliação, mas somente
pró-burguesas mesmo, como nos inúmeros casos que o PT tomou posturas apenas em
prol dos grandes empresários, banqueiros contribuindo para sucatear ainda
mais a condição da classe trabalhadora brasileira. Isso sem contar na dívida
pública – que é um roubo do nosso dinheiro efetuado pelos bancos – que o PT nem
sequer ousa em combater, talvez, porque tenha também o rabo preso com os
bancos. O PT então, não dirige uma gestão com caráter de esquerda, ou caráter
socialista, pelo contrário, sua gerência é de caráter burguês, e no máximo circunda
“da direita ao centrismo, do centrismo à
direita”. Sua gestão não faz esforços para romper a limitada
governabilidade burguesa que partidos como PSDB, PMDB e etc., também fazem
parte, caindo no velho presidencialismo de coalizão.
Problemáticas da gestão PT; um pouco de
sua história e atualidade
O PT é
fruto do vácuo político criado pela repressão fascista implementada pelo Regime
Militar aos partidos comunistas tradicionais e aos grupos de esquerda armados.
Surgiu em boa parte, espontaneamente, com o movimento dos trabalhadores, em
meio a esse “vácuo”, e nasceu e cresceu mais ou menos como uma “mistura”, entre
vários agrupamentos que se reivindicavam trotkistas (lembrem-se que o PCO,
PSTU, e diversas tendências do PSOL vieram do PT) [1], conjuntamente com
movimentos socialistas cristãos, com grupos de socialdemocratas e reformistas,
e principalmente com o movimento sindicalista do tempo do Regime Militar e na
“redemocratização”. Talvez se tenham mais indivíduos e grupos mais variados que
esses, mas esses são os setores mais significativos e mais fáceis de lembrar no
que se refere o processo de nascimento e crescimento do PT.
Como
vemos, nunca foi um movimento homogênio, sempre se caracterizou por ser um
partido “repartido” em “vários partidos” (i.e, em várias correntes e tendências
internas), cada qual, seguindo seu segmento ideológico específico e tendo suas
análises próprias sobre a conjuntura. Mas apesar de diferentes, tinham
consensos em alguns pontos mais gerais, afinal, se organizaram nessa mesma
“coligação” denominada de Partido. E ainda que se considerasse ele um
“re”partido, haviam setores de dentro do PT que tinham mais influências que
outros. No seu inicio, esses setores mais fortes internamente no PT eram
setores mais combativos que o PT de hoje, que parecia ter ainda alguma
convicção ideológica, metas, um programa político e etc., a exemplo do PT
pré-1989[2], que tinha como corrente majoritária na época, a Articulação.
Mas essa
organização nascida das bases – pelo e para o dialogo com as bases – não se
manteve, sobretudo, após lograr os cargos do governo federal. O PT com o tempo
foi mais e mais se prendendo as imposições e limites da governabilidade
burguesa, e se adentrou nas amarras do presindencialismo de coalizão. Como
disse Mauro Iasi, esse foi o maior equivoco do PT [3]. Havia outro caminho, que
não foi seguido – por incompetência ou oportunismo (ou os dois), e este caminho
não se situava no parlamento e nos limites da governabilidade burguesa, mas sim
consistiam nos movimentos sociais e na organização autônoma da classe
trabalhadora. Essa opção levaria a um governo de tensões, e intensificaria a
luta de classes, caminho descartado pelo PT. “A opção pela governabilidade com base na ‘adesão’ (compra) de partidos
implicou na aceitação tática e explícita dos meios necessários para isso que
agora são julgados como imorais e ilegais (e são).” [4].
Conflito entre o PT e o resto da direita não
são um conflito entre esquerda e direita, mas um conflito “Interburguês”;
oriundo da disputa pela representatividade da burguesia no Estado
oriundo da disputa pela representatividade da burguesia no Estado
Fica bem
claro que, ainda que surgido se aproveitando do movimento espontâneo dos
próprios trabalhadores, o PT não tinha uma direção firme e bem centralizada – e
ainda menos, uma direção revolucionária. Apesar de ter tido épocas, de grande
agitação e combatividade, o PT nunca teve um núcleo dirigente homogêneo, firme
e bem acertado ideologicamente (no que concerne a teoria revolucionária). Se
qualquer partido de esquerda estará sujeito a provações e desafios nas entranhas
do sujo parlamento burguês, como um partido sem foco e sem um núcleo dirigente
revolucionário firme, conseguiria se manter como expressão real das
reivindicações da classe trabalhadora brasileira? Quais garantias se tinham? O
que garantia que o PT não se afastaria dos movimentos sociais e dos
trabalhadores, caso se adentrasse na política institucional (governabilidade
burguesa) como ele entrou? Absolutamente nada.
Os anos se
passaram, e essa governabilidade burguesa que o PT está inserido os incutia ainda
mais o PT às posturas e práticas em prol das classes abastadas e em prejuízo da
classe trabalhadora brasileira.
Todos
sabemos que o banco é um dos maiores inimigos do trabalhador, “instituição-mor”
do burguês no capitalismo financeiro. E segundo o próprio Lula – que esbravejou
com muito orgulho – os bancos nunca lucraram tanto no Brasil como no governo
PT. Se pararmos para analisar a situação da classe operária, coisas nada boas
hão de se ver. O PT ao invés de trazer benefícios a toda a classe operária brasileira,
somente criou uma aristocracia operária: uma quantidade certa de operários com
certos privilégios, que os faz distanciar (na consciência de classe) do resto
da classe operária e trabalhadora, enquanto que muitos outros trabalhadores
dessa categoria, sobretudo os terceirizados e irregulares, continuam na mesma
condição horrível de outrora.
A condição da classe operária e trabalhadora
melhorou? Se você perguntar a certo operário regular onde eles ganham até mais
que o dobro ou triplo de um professor, sim. Se for além das aparências, na classe
operária e na trabalhadora como um geral, não.
Podemos
também nos lembrar das infinitas promessas do PT, antes de lograr chegar ao
governo, em relação a Reforma Agrária. Se pesquisarmos e lembrarmos mais ainda,
veremos que durante o governo do PSDB o Brasil teve “mais reforma agrária” (o
processo de “distribuição de terras”) que no próprio governo do PT. Também
podemos lembrar do movimento das Fábricas Ocupadas, que dentro desse movimento,
operários mantém a ocupação mais longa da história, onde a mais de 10 anos,
ocupam a fábrica Flaskô (fábrica ícone do movimento), e eles vem nesses mais de
10 anos exigindo do governo PT a estatização das fábricas sob o controle
operário. Vários dos dirigentes dessa ocupação são, inclusive, ligados a bases
de trabalhadores do PT, que quando viram o
operário se eleger presidente entraram na esperança dele estatizar as
Fábricas Ocupadas. Passou-se mais de 10 anos, sendo 8 anos da gestão do operário, o Lula, e nada. Os
trabalhadores das fábricas ocupadas ligadas ao PT se viram numa decepção
tamanha para com a gestão do PT no governo federal, e até hoje se veem.
Apesar do
PSDB ser o símbolo entre os partidos em relação a privatizações, o PT não fica
lá muito atrás. Durante o PT, houve a privatização de aeroportos, estradas, e
até do petróleo do Campo de Libra. Foi durante a gestão do PT que o partido foi
complacente a alta repressão policial feita contra os movimentos sociais, e não
só foi complacente, como colaborou, colocando a Força Nacional para reprimir os
manifestantes contra o Leilão de Libra, bem como no maracanã no final da copa
das confederações. Aqui, jaz por terra, qualquer resquício da esquerda ou de
progressista que o PT algum dia teve.
O PT se
perdeu nesse comboio podre da governabilidade burguesa, e hoje é só mais um
dentre tantos partidos que defendem os interesses das classes abastadas. Em
termos práticos, uma gerência governamental de direita. Hoje é um partido de
representatividade política burguesa. Tendo a compreensão desses fatos, podemos
entender que, os conflitos que circundam o PT e os outros partidos burgueses
não são – ao contrário do que falam militantes alinhados ao PT – um conflito no
âmbito entre burguesia e trabalhadores, ou entre direita e esquerda, mas um
conflito, tão somente, entre partidos que disputam a representatividade da
burguesia no Estado, e buscam representar a burguesia cada um a seu modo, tal
qual o PT a representa com uma cara vermelha,
e postura azul. O PT hoje é a
expressão de um tipo de organização política que a burguesia também demanda em
vários momentos desses tipos de partidos vermelho-azul,
ou melhor, operário-burguês (base
operária, direção pró-burguesa).
Os atritos
que circundam o PT e a direita – direita essa que o PT hoje faz parte (discreta
ao seu modo) – são meramente conflitos políticos no seio político da própria
“burguesia política”. O caso mensalão, e as investidas contra o PT só representa
somente o mais repercutido conflito Interburguês*
que o PT está inserido.
Há um
trecho de uma nota do PCO que nos esclarece bem a compreensão de que se trata
de um conflito Interburguês, e tão
somente na disputa pela representatividade burguesa:
“Primeiramente, é
evidente que a direita não tenta “se aproveitar ao máximo do escândalo”, mas
sim que foi ela mesma quem trouxe a questão a público, que a investigou, que a
transformou, por meio da imprensa, em uma questão política central junto à
população. Em segundo lugar, dizer que o julgamento é uma farsa não significa
dizer que não existiu o mensalão. Em terceiro, as lutas políticas em torno do
julgamento não anulam o escândalo; o próprio escândalo é produto da luta
política. [...] Os escândalos de corrupção no Brasil, assim como os escândalos
sexuais na Europa e nos Estados Unidos, não vêm simplesmente à tona, como
resultado da boa intenção ou da sorte de um jornalista qualquer. Todos eles são
resultado de uma luta política com interesses bem definidos. Como analisamos na
época, o escândalo do mensalão foi a maneira que a direita encontrou para minar
o plano de José Dirceu de transformar o PT de principal partido de sustentação
do regime em um eixo do funcionamento do regime, com a ampliação de seus
quadros com a incorporação de ainda mais setores da burguesia dentro do PT e
com a criação de uma ampla base nacional nos municípios. Se bem sucedido, esse
projeto poderia ter alijado completamente o então PFL e o PSDB do poder.”
(trecho de nota do PCO sobre o caso do mensalão).
Os ataques da Imprensa Burguesa ao PT
não fazem dele um partido genuinamente operário e de caráter socialista
não fazem dele um partido genuinamente operário e de caráter socialista
A Imprensa
Burguesa é uma das fontes de informação menos confiável possível. Isso é um
consenso entre os militantes e ativistas. Que a mídia manipula não é novidade.
Mas só porque determinado canal, ou determinado programa jornalístico falou mal
de certo partido ou de certo político não quer dizer necessariamente que ele é
uma ameaça iminente a ordem capitalista, nem que ele é uma ilustre figura da
esquerda que merece ser ovacionada. “A
mídia falou mal dele, então é uma boa pessoa”. Não.
A questão
central é que, determinados canais de imprensa se deixam ‘guiar’ – ou se vender
– por determinados grupos e partidos políticos mais específicos. A Imprensa
Burguesa pertence a determinados empresários e corporativistas que tem
interesse na política. Logicamente, eles vão buscar, enaltecer noticias e
matérias que enalteçam os “méritos” dos políticos que representam os interesses
do seu setor ou classe, e amenizar ou omitir qualquer notícia que possa
“queimar o filme” deles.
Mas é fato
que, dentro das classes abastadas (i.e. dentre os exploradoras), há certas divergências e
interesses diversificados no que se concerne os rumos políticos do país. Posso
citar, por exemplo, no estado de Pernambuco: o jornal impresso Diário de Pernambuco tem um histórico de
teor mais Jarbista [5] e tece críticas
ao governo estadual mais que qualquer outro jornal imprenso de grande porte,
enquanto que outros jornais são mais alinhados a linha do PSB e de Eduardo
Campos (governador de PE) que omite os feitos negativos do PSB e publica mais
matérias com seus “méritos”. Mas tanto o PSB de Eduardo Campos, quanto o PMDB
de Jarbas, são partidos políticos que trabalham mediante interesses de classes,
e ambos, ao contrário de representarem uma ameaça a podre ordem vigente,
implementam políticas em prol dessa ordem e em prol das classes já
privilegiadas, e da mesma forma, os jornais que os seguem, igualmente. E isso
vai além dos jornais impressos e locais.
O fato de
a Imprensa Burguesa em geral ter feito o que fez com o caso do PT e do
Mensalão, enquanto que não fazem nada para casos de corrupção “colossalmente”
maiores – feitas por partidos como o PSDB – não significa que o PT se situa
autenticamente na esquerda.
O fato de
seletivamente só se focarem em denegrir a imagem do PT, não significa que o PT
é um partido puramente operário e de
caráter socialista. Significa somente, que os proprietários desses meios de
comunicação que denigrem o PT, defendem outros partidos burgueses em detrimento
do PT, tal como, no exemplo que citei, onde o Diário de Pernambuco tece ataques mais ousados a Eduardo Campos,
mesmo o Diário e Eduardo Campos,
defendendo praticamente as mesmas classes privilegiadas.
O porquê da Imprensa Burguesa
fazerem esse “surdunço” todo com o Mensalão
fazerem esse “surdunço” todo com o Mensalão
O fato dos
controladores da Globo, da Veja, e dos principais jornais do país atacarem o
PT, não faz do PT menos direitista do que ele é hoje, nem “mais próximo” da esquerda
(esquerda essa que o PT não faz parte). Mas isso ainda não nos deixa muito
claro as motivações de toda essa “cobertura midiática” enfática nas ofensivas
contra o PT.
“O STF pune sem
provas, e pune, desta forma, impune, risonho e reacionário” [6]. Mesmo que,
por exemplo, Zé Dirceu e Genoino sejam dois traidores do movimento dos
trabalhadores, e pessoas chaves no processo de degeneração do PT, a prisão dos
dois, não é uma vitória da esquerda e do movimento comunista, não foi motivada
por conta de seus reais erros, não foi conduzida pelos revolucionários e pela
esquerda, e nem muito menos motivada por razões ligadas a luta de classes e a
seus reais crimes e erros cometidos contra o povo.
As sentenças deles foram conduzidas e motivadas por questões
à direita, suas prisões nem sequer
foram mediante provas, e claramente foram efetuadas mediante pressão midiática,
numa simples disputa pela governabilidade burguesa.
Eles não estão sendo punidos por desvirtuarem o movimento
comunista, mas somente por acharem que poderiam pisar no terreno da
governabilidade burguesa, fazer o que todo típico partido burguês faz, e achar
que vai sair impune por que não denunciou os podres dos outros partidos
burgueses. Como disse Mauro Iasi: “Ele
apenas atuou pelas mesmas regras que sempre se atuou no presidencialismo de
coalizão, da mesma forma que os governos do PSDB, DEM e PPS, assim como o
histórico fisiologismo do PMDB, sempre governaram. Seu engano entre tantos, foi
supor que tinha sido aceito no clube e receberia as mesmas prerrogativas que seus
pares mais tradicionais. Acreditou que pelo fato de não abrir a caixa preta do
governo FHC e expor as entranhas dos atos ilícitos ali praticados, não
diferentes daqueles pelos quais foi julgado, ele seria poupado, numa espécie de
crença ingênua de “amor, com amor se paga”, tendo que cantar, ao final, uma
samba amargurando: “você pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão”.”.
Integrantes do PT esbravejam “é momento de se reter e não criticar o PT, porque é perigoso” (?),
e que “o PT e Dilma poderiam sofrer um
golpe provindo da direita” (?!). Estão vendo pelo em ovo. Não se trata de
tentativa de golpe pra tirar a presidente Dilma, o PT e seus encargos no Estado.
Como eu já falei, a burguesia inclusive precisa, em vários momentos de um
partido operário-burguês (i.e. com base operária, direção pró-burguesa). E vale
lembrar, que Dilma continua praticamente intacta nas pesquisas de voto. A
classe trabalhadora ainda, de certo modo, se enxerga no PT. Não houve – nem
ainda há – um partido revolucionário construído que tenha condições de dar fim
ao ciclo do já “degenerado” PT, e cumprir esse papel histórico no movimento
comunista brasileiro.
Então, se a intenção da burguesia não é derrubar
abruptamente a Dilma e tirar o PT totalmente do jogo, qual seria? Qual a intenção
da mídia corporativista e da direita nessa “demonstração
de Poder”? Qual intenção da imprensa burguesa nisso? A pressão midiática
quer queira quer não, consegue colocar o PT num certo “cabresto”. Então, “deixar claro ao PT qual classe que manda no
pedaço”. Fazer a opinião pública pressionar o PT a tomar as posturas que
cada vez mais beneficie uma classe privilegiada (i.e., fazer a opinião pública
empurrar o PT à direita).
E é notório que a burguesia não está meramente se
aproveitando da situação, ela CRIOU essa situação. Não só pelos propósitos já
citados acima, como também para outros.
O Mensalão, na prática, não foi nenhum desvio de dinheiro
público ou algo do tipo, não foi um roubo direto no bolso do trabalhador
brasileiro. Foi a construção de um caixa, edificado com dinheiro de empréstimos
feitos a bancos privados, para a compra de votos parlamentares. Mas a imprensa
burguesa não deixa claro e nítido isso a população, e a coloca de modo que faz
o povo pensar que é um roubo qualquer ao dinheiro público. Essa prática era
muito mais corriqueira e comumente usada durante do governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso. Mas o caso mensalão, dentre todos os casos de
corrupção mais conhecidos, é um dos menos graves. Apesar disso é o que é mais
propagandeado pela grande imprensa.
O propósito de tornar o mensalão um caso símbolo da
corrupção brasileira, além de colocar certo cabresto ao PT (para mantê-lo na
linha política pró-burguesa), é de ofuscar os outros crimes, muito mais graves,
e muito maiores, feitos pela burguesia e pela direita política, cometidos
contra o povo brasileiro. Tira o foco de questões mais importantes, e faz o
povo brasileiro não parar para refletir em casos como a absurda dívida pública,
que funciona como um mecanismo dos bancos roubarem quase 50% de todo imposto
arrecadado. Enquanto você se distrai com o mensalão que não chega nem a 0,5%
(meio por cento, sendo até pessimista) de nosso dinheiro, os bancos te tiram
50% do bolso sem ninguém perceber.
Além da dívida pública, a compra de voto parlamentar feita
no governo FHC se mantém abafada pela mídia. Isso sem contar o propinoduto que
coloca o mensalão no chinelo. Lembremos agora dos 4,3 milhões desviados e
tirados da saúde pública pelo Aécio Neves, que calculando se aproxima de 72
mensalões. Mensalão mineiro, mensalão do governo FHC, desvios colossais de
dinheiro, a dívida pública que é um desvio astronômico de dinheiro por si só.
Isso sem contar os outros casos de corrupção, que são cometidos em prol da
burguesia, mas são amplamente abafados pela mídia.
Como podemos ver o propósito da mídia com isso, é tão
somente, desviar o foco e criar uma distração no povo, para a classe
trabalhadora não se nortear para os verdadeiros crimes cometidos contra o povo;
bem como, apertar o cabresto sobre o partido operário-burguês do PT; e também
de gerar essa apatia de generalização política “que todo partido e político (sobretudo os de esquerda) são igualmente
corruptos”, uma apatia e generalização que leva a inércia, após a
midiatização de escândalos públicos orquestrados pela própria direita.
Da maneira que se deu a prisão de
Dirceu e Genoíno, elas são vitórias da direita;
a nova maneira de sentenciar e punir pode atingir toda a esquerda (i.e. âmbitos além do PT)
a nova maneira de sentenciar e punir pode atingir toda a esquerda (i.e. âmbitos além do PT)
Não podemos esquecer, que independente do PT não ser partido
genuinamente de esquerda, e dele ter adentrado no campo da “burguesia
política”, a prisão de figuras como Genoíno e Zé Dirceu, se deram sob condições
que podem ser repetidas na prisão de qualquer outro integrante de partidos de
esquerda – falo partidos realmente de oposição.
Da maneira que prenderam Zé Dirceu e Genoíno podem prender
qualquer pessoa mesmo sem provas, é só ter: a) uma acusação, b)
pressão midiática. O martelo que dará a sentença não será o do juiz, mas tão
somente o da imprensa.
Da maneira como o processo ocorreu, na prisão de políticos
mesmo havendo ausência de provas, qualquer militante de esquerda poderá sofrer
futuramente com esse tipo de arbitrariedade implementada pela burguesia. Por
isso, apesar deu partilhar da visão de que, Zé Dirceu, Genoíno e os inimigos de classe que estão na direção
do PT, devem passar por um tribunal
revolucionário para apuração de seus crimes cometidos contra o povo
brasileiro, tal quais suas traições no movimento comunista e dos trabalhadores
ainda sim temos de admitir, que a prisão do Zé Dirceu e do Genoíno, da maneira
como foi feita, e pelas pessoas que a guiaram, foi uma vitória da direita!
O teste foi feito: “A
burguesia testou um ‘experimento
social’: prender políticos somente por meio da pressão midiática, punindo e
prendendo pessoas, mesmo com a ausência de provas (o que a lei teoricamente não
permite). Certas figuras ligadas ao PT serão as cobaias desse teste. Se esse teste der certo,
provavelmente poderá se fazer isso com os outros partidos, inclusive com os
situados bem mais à esquerda que o PT e o governo federal”. Realmente, o
teste foi feito, e foi bem sucedido: as coboias
estão presas.
Muitos partidos, por “sentimentalismos” e richas partidárias
com o PT, deixaram seu revanchismo subir o sangue do cérebro ao ponto de não
avaliarem a situação com precisão, tal como muitos setores do PSOL, que não
conseguiram avaliar essas questões a partir de uma perspectiva da luta de
classes. Para essa situação, vale citar isso aqui:
“No texto intitulado
“Exigir o fim de todas as quadrilhas políticas”, Luciana Genro defende a
condenação do PT pelo STF, substituindo o método da luta de classes por uma
visão moralista do processo político e acabando no endeusamento das
instituições do regime burguês reacionário e pró-imperialista e na conivência
com as arbitrariedades do Estado. [...] “Condenados por corrupção ativa e
formação de quadrilha, agora querem se passar por vítimas, como se fossem
perseguidos políticos ou condenados sem provas”. Para ela, se foram condenados
é porque são culpados e se são culpados, não podem ter sido perseguidos ou
condenados sem provas, afinal a “justiça foi feita”, não importa a que custo.
Não. [...] Mesmo os piores criminosos podem ser vítimas de arbitrariedades no
processo judicial e ao escolher a sua condenação em lugar de seus direitos, o
que se está defendendo é o fortalecimento do poder do Estado repressor e
capitalista, pois é disso que se trata. A punição de um criminoso não vai
acabar com o crime no País, mas aplaudir que a mais alta corte brasileira passe
por cima dos direitos do cidadão dessa forma, na melhor das hipóteses, abre um
precedente perigoso para toda a população. [...] quando diz que o voto de
Joaquim Barbosa “cumpriu importante papel para sepultar falácias” e argumenta
“ou alguém duvida que José Dirceu tinha o completo ‘domínio dos fatos’?”,
Luciana Genro nada mais faz do que dar seu aval a uma operação jurídica que
pode ser usada contra qualquer líder sindical em uma mobilização ou qualquer
dirigente de organizações que desagradarem o governo. Na prática, o STF aboliu
a presunção de inocência e instituiu que vale a opinião do juiz, não as provas.
Basta o juiz achar que o réu é criminoso, basta a imprensa martelar todos os
dias que tal e qual pessoa é culpada de algum crime para que sejam condenadas.
[...] Assim, o PSol concorda e faz coro com a campanha da direita de que o STF
é o último reduto de moralidade do regime político brasileiro, o único à prova
de corrupção. [...] O que a indicação desses ministros pelo PT comprova, na
realidade, é o caráter puramente político do julgamento, pois é óbvio que os
juízes traíram a confiança daqueles que os indicaram e bandearam para o lado
oposto. Isso fica claro para qualquer pessoa dado o enorme lobby da imprensa
capitalista para condenar os dirigentes petistas. Os juízes faziam parte deste
lobby e nada mais.” [7]
É
transparente como água, o fato, de que, essa nova maneira de sentenciar, e essa acentuação das arbitrariedades
jurídicas por motivos políticos, foi feita sob a intenção de se agravar e
avançar contra as demais organizações de esquerda. Outra organização que segue
uma linha parecida e muito dissociada da realidade, acerca de casos como o
mensalão, é o PSTU, pelos mesmos motivos, que certos setores do PSOL:
sentimentalismos e richa. Como sabemos o PSTU outrora foi uma tendência do PT,
e como a saída do PT não foi nada amistosa, o PSTU se encontra na mesma
problemática de picuinhas e análises mal feitas, ofuscadas por conta de suas
picuinhas revanchistas ao PT. Complementando essa questão, não somente de
denunciar as erronias posturas de certos setores do PSOL e do PSTU, mas também
de entender que houve motivações políticas no caso do mensalão:
“Ao comparar o caso do
mensalão com os escândalos de corrupção do PSDB, Luciana Genro diz que “a
impunidade de uns não justifica a impunidade de outros”. Isso é certo, mas não
é disso que se trata. O fato de a corrupção do PSDB não ter ido a julgamento na
época de FHC e continuar sendo abafada inclusive agora não justifica a
corrupção do PT, apenas mostra que o processo contra o PT não diz respeito à
corrupção e sim a uma disputa política, que é um
julgamento político e não criminal e é justamente este fato que a deputada do
Psol quer encobrir. O problema é justamente que para vencer a
disputa a direita não hesita em passar por cima de qualquer mecanismo
democrático e pisotear as garantias dos cidadãos, fato que não pode ser
aplaudido em nome de que “um corrupto foi punido”, pois não só ele será um
dos únicos, enquanto muitos outros nunca serão punidos, como que a arbitrariedade
contra ele será usada futuramente contra toda a população.” [8]
Conclusão; afastar a neblina de ofuscação
política que paira nas mentes do povo
A
conjuntura nos dar tempo para pensar e refletir, mas não podemos nos dar ao
luxo de tomar posicionamentos errados em momentos delicados como esse.
Organizações com leituras tão discrepantes da realidade, isso é, dissociadas de
uma perspectiva da luta de classes, como foi a análise da Luciana Genro do PSOL
e as análises e postura do PSTU, só é prejudicial a esquerda. É necessário que
os agrupamentos de esquerda que tenham posicionamentos próximos a análises
erronias “romam com o STF”, e deixem
de achar que o STF não é uma instituição burguesa, livre de corrupção, que exercerá um
julgamento imparcial, "reduto da moralidade e do que é certo".
É
necessário que a esquerda abra o olho, para o aumento “qualitativo” e
quantitativo das arbitrariedades – já existentes – contra o povo pobre e contra
os militantes sociais de esquerda, onde essa nova maneira de sentenciar (que
pretende-se ser utilizada contra a esquerda) se expressam em casos como esse do
julgamento do caso Mensalão. Mas apesar disso, não podemos ter ilusões quanto
ao PT e os agrupamentos que circundam suas práticas, como é o caso do partido
da bancada ruralista P”C”doB (Partido ‘‘‘‘Comunista’’’’ do Brasil) – que de
comunista não tem nada. Tal como, ter ciência que o julgamento foi uma farsa e
foi um julgamento político, não quer dizer que o mensalão nunca existiu, nem
nunca foi feito.
Compreender
que o caso do julgamento enfático contra figuras do PT, sim, foi uma questão
política e não jurídica, e foi pautado mediante pressões midiáticas, não
implica dizer, que devemos concordar que o PT é um partido revolucionário, ou que devemos seguir a linha de tentar justificar a ida do PT à lama do pântano com afirmações como “escolho o PT, porque é o menos pior dentro do leque de opções". Ora, menos pior? No máximo o menos pior dentre o leque de partidos burgueses, e não dentro da esquerda! Isso seria uma posição
conciliadora, e a conciliação de classe é pró-burguesa, afinal, “os objetivos da burguesia e do proletariado
são diametalmente opostos e seus interesses enquanto classe, antagônicos e
irreconciliáveis”.
Então, sem
mais delongas: não esqueçamos dos verdadeiros crimes de tais figuras do PT. Não
nos distraiamos com um escândalo político conduzido pela mídia e pela direita.
Nossa tarefa é afastar essa neblina de ofuscação política que paira sobre os
jornais burgueses e sobre as mentes do povo brasileiro. Nossa tarefa é, além de
enxergar os reais problemas, fazer a classe trabalhadora também enxerga-la.
- B. Torres
_______________________________________________________________________
Notas:
* - Interburguês, conflitos políticos
entre representantes políticos da burguesia.
[1] – O PCO, PSTU e as várias
tendências do PSOL são partidos e grupos que se reivindicam trotkistas que eram
do PT e hoje formaram partidos autônomos, no entanto, no PT ainda se tem muitos
agrupamentos trotkistas que ainda não saíram, tal como as correntes denominadas
O Trabalho, Democracia Socialista, Esquerda
Marxista e dentre outras.
[2] – Nessa época o PT era
dirigido por setores mais combativos, que inclusive conseguiam guinar (centralizar) o Lula mais à esquerda. É só comparar como quando naquela
época o Lula falava em socialismo em meio a seus discursos inflamados,
diferentemente de hoje que fala, “não sou de esquerda, sou torneiro mecãnico.”,
ou mesmo coisas como “Se você conhece uma pessoa muito idosa esquerdista, é
porque está com problema”. Essa postura naqueles anos passados se deve a
postura da tendência majoritária do PT daquela época.
[4] – Menção a
posicionamentos do Mauro Iase.
[5] – Teor Jarbista significa que o Diário de PE é um jornal mais alinhado
as orientações políticas de Jarbas Vasconcelos do PMDB, atual Senador de
Pernambuco, e no âmbito local, se situa moderamente à direita de Eduardo Campos.
[6] – Leonardo Nürnberg