quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O 07 de Setembro e a praça de guerra no desfile militar do Rio de Janeiro!


Era dia de sol, um sábado perfeito de um feriado imperfeito. Era o sétimo dia do antigo sétimo mês do calendário de Roma, Setembro. Dia que os algozes da democracia marchavam e desfilavam, e seus generais esbanjavam estrelas e condecorações orgulhosas de tortura e crimes obscuros da história obscura de nosso país. Dia de celebração da independência do Brasil. Somos independentes? Esqueceu-se de avisar ao povo.

Estávamos lá, a Unidade Vermelha, como sempre na linha de frente das lutas pela libertação de nosso povo! Ainda antes do ato a PMERJ fazia uma varredura nos arredores do local de concentração do ato, revistando e coagindo. Assim nosso camarada foi detido e encaminhado à delegacia, sem antes ser perseguido por uma quadra inteira por dois policiais armados. Ali a tensão já começava a se intensificar, com outras companheiras sendo presas por portarem spray de pimenta, mesmo dentro do limite legal para porte.

Escapamos e fomos para a concentração. A PMERJ fazia duas barreiras, uma em frente e outra atrás da concentração, nos impedindo de chegar à avenida que leva o nome do homem que chamamos de Mãe dos Ricos, onde haveria o desfile. Em um momento, sem motivo algum, os policiais que integravam a barreira que se postava atrás de nós decidiu ir para o outro lado passando bem no meio de nós, jogando spray de pimenta e disparando a queima roupa, atingindo a cabeça de uma moça que logo foi atendida pelos socorristas.

Decidimos então dar uma volta. Enganando os policiais que tentaram nos seguir - mas nosso cordão de isolamento os manteve afastados – demos uma volta em alguns quarteirões, encontrando uma brecha perfeita ao lado da Praça da República, onde não mais que vinte policiais faziam uma barreira. Vendo a multidão correndo em sua direção, eles nem reagiram e abriram caminho para passarmos, amedrontados com o poder do povo.

Conseguimos então chegar à Av. Presidente Vargas e paramos em frente à enorme estátua de adoração ao genocida imperial, Luís Alves de Lima e Silva, o pútrido Duque de Caxias e seus restos mortais carregando a vergonha da histórica repressão aos povos. Lá estavam os generais de hoje e de ontem, os generais da ditadura e da democracia. E gritamos contra eles, gritamos contra o pseudo Führer Cabral.

Não demorou para o Choque começar sua estúpida covardia e nos atacar pela retaguarda. A cada três bombas de gás lacrimogênio que eram jogadas contra nós, duas eram jogadas no desfile dos militares. E o gás afetava as pessoas que estavam na arquibancada assistindo o desfile, famílias comuns que não tinham nada a ver conosco. Tivemos que correr, e o Choque nos seguiu com carros e bombas de efeito moral explodindo em nosso lado. Revidávamos como podíamos, mas contra a máquina de opressão não há muito que se possa fazer quando jogada em poderio total contra nós. Em um momento corremos para a frente do desfile. Entramos na Av. Presidente Vargas e corremos à frente do desfile e dos militares, que tossiam e sufocavam com o gás que era feito pra atingir a nós. Um resquício de humanidade nos fardados!

Ao final disso tudo, um camarada nosso foi detido também, e sendo menor de idade logo foi liberado e voltou à militância. Em nossas casas, os noticiários diziam orgulhosamente que meramente tentamos atrapalhar o desfile, e o caríssimo comandante da PM afirmava que não houve famílias atingidas pelo gás nas arquibancadas. E, sem surpresas, víamos a ‘grande’ mídia dar suporte à ditadura mascarada de democracia. O ato mostrou mais uma vez a combatividade da juventude carioca, lançada as ruas mais uma vez para enfrentar a tirania e a opressão, em busca do mundo novo que há de vir. o futuro nos pertence.

À Unidade

- Subcomandante Flávio