sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Flagrante forjado contra um camarada da UNIDADE VERMELHA desmascara as práticas fascistas da Policia Militar!


Nos últimos dois dias muito circularam vídeos e imagens da apreensão de um jovem durante o ato do dia 30 de Setembro em apoio à greve dos professores, onde claramente vê-se um Tenente da PMERJ forjando um flagrante de três “morteiros” supostamente encontrados na mochila do jovem que foi algemado e encaminhado com brutalidade para a 5ª DP, no centro da cidade do Rio de Janeiro.

A Unidade Vermelha – RJ vem por meio desta nota declarar que o jovem detido em falso flagrante é um camarada integrante, ativo e dedicado de nossas fileiras, estando presente em todos os atos que seu tempo o permite, sem medo da repressão e sem abaixar a cabeça diante da luta difícil, assim como todos(as) nossos(as) bravos(as) Camaradas e companheiros(as) de luta popular.

Desde o início desta jornada que se arrasta cada vez mais reprimida desde Maio deste ano, a PMERJ vem mostrando mais e mais sua verdadeira face que desde sempre esteve estampada em seu “orgulhoso” e vergonhoso brasão: a face que protege o proprietário explorador, o Estado repressor e que tenta esmagar a luta do povo.

Agora com a greve dos profissionais da educação, a tremenda brutalidade para lidar com os mestres de nossa nação vem gritando ao mundo e esfregando no rosto dos compatriotas que eram cegos – fosse por escolha ou não - à verdade do braço repressor do Estado protofascista aquilo que muitos de nós, brasileiros, já sentíamos na pele desde que nascemos.

No vídeo mostrado no site do Jornal O Globo, de início vê-se um rapaz fugindo de três policiais em perseguição, um desses policiais carregando em suas mãos três “morteiros”. A população em volta tenta acalmar os "digníssimos" senhores fardados dizendo que o fugitivo “é só um garoto”, e recebem uma resposta clara do Major Pinto que grita, apontando seu cassetete para um senhor: “garoto que taca morteiro na polícia?”. Para aqueles que não se lembram, Major Pinto é o mesmo que aparece em imagens utilizando spray de pimenta na cara de professores mais cedo no mesmo dia 30 de Setembro, e o mesmo que recebeu voz de prisão de uma advogada por abuso de autoridade no dia 12 de Setembro.

Pouco antes desta cena, é possível observar o grupo de nossos camaradas no meio da rua onde os policiais perseguem o jovem, atrás de uns cones colocados na rua, entre dois ônibus. Pouco depois, o grupo de policiais reagrupa em um largo tangente à rua, e os camaradas logo aparecem neste mesmo largo, andando tranquilamente, mesmo após a cena de repressão gratuita. O Major Pinto os vê e se aproxima, já apontando novamente seu cassetete dizendo para ninguém correr. A cena seguinte mostra o quanto foi ridícula a tentativa de forjar o flagrante, quando o Tenente pega os mesmos três “morteiros” que havia apreendido anteriormente e mostra ao Major, como se dissesse que havia encontrado na mochila de nosso camarada que permitia a revista sem resistência.

O Major então dá voz de prisão e algema nosso camarada, que é menor de idade e não ofereceu resistência alguma, e alega em voz alta que ele carregava três “morteiros”.

Destacamos aqui que os “morteiros” apreendidos sequer eram morteiros, mas sinalizadores como aqueles que torcedores levam para jogos de futebol, e com toda certeza não ofereceriam perigo algum aos bem treinados fardados da PMERJ, tampouco poderiam ser considerados material bélico. A tentativa de falso flagrante envergonha esta decadente corporação, e é também uma clara tentativa de perseguição de movimentos populares e organizações como a nossa. Isto que aconteceu com nosso jovem camarada infelizmente não é uma novidade para muitos de nós brasileiros e cariocas.

Acontece que, quando o BOPE e seus caveirões entram de favela em favela, não são sinalizadores plantados, nem são ações filmadas em meio a largos e ruas abertas. São ações em becos escuros entre tiroteios, em que o direito de permanecer calado, que nosso camarada teve, é uma bala corpo adentro e armas e drogas são as evidências dos flagrantes. E isto vem sendo trazido da favela para as ruas desde o início destas jornadas nacionais de lutas populares, e aqueles que não sentiam antes a dor de ser chamado de criminosos cada vez mais sentem essa tortura que por muitos é sentida desde o berço, isso se houver condições financeiras para ter um berço.

Mais tarde do mesmo dia, dois de nossos camaradas foram detidos também no centro da cidade, resistindo bravamente à repressão policial. Nossa guerreira, também menor de idade, foi covardemente arrastada pelas ruas de paralelepípedos e pedras portuguesas, primeiro com uma gravata (mata leão) e em seguida pela sua mochila, tudo por um policial chamado Washington (não se sabe sua patente).

Essas atitudes lhe renderam feridas na lombar e dores no pescoço e nos ombros. O outro camarada foi tentar cessar a violência ou ao menos suavizar a ação, e foi então agredido com cassetetes na cabeça, nas costas e nas costelas. Ambos foram encaminhados à 5ª DP e liberados somente às 3h da manhã, e logo serão chamados para depor na Vara da Infância, Juventude e Menor Infrator, ela como acusada e ele como testemunha.

Enquanto impõem que retiremos nossas máscaras à força, a máscara do Estado e da PM cai sem ajuda alguma nossa, e sua verdadeira e hedionda face antipopular é dia após dia mais escancarada.

Os inimigos do povo se destroem por si mesmos, e é nosso trabalho, nosso dever, manter a luta. A Unidade Vermelha grita e segura seu posto diante da repressão: não nos entregaremos; não abaixaremos nossas bandeiras; não embainharemos nossas espadas, que são nossas vozes e nossos braços fortes. Nossos pulmões resistentes e nossos corpos já encouraçados de tanto sermos agredidos. Não abandonaremos a luta do povo e pelo povo.

TODO PODER AO POVO!

À Unidade.

- Subcomandante Flávio.