quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sobre o Dia Internacional da Mulher e a chave dos desvios ideológicos do movimento feminista: seu conteúdo de classe.


No último 8 de março foi comemorado o dia internacional da mulher. O que muitos desconhecem é que o início do movimento de luta das mulheres está intimamente ligado ao movimento proletário. Como diria Marx: "A história de todas as sociedades é a história da luta de classes". Durante a Revolução Industrial a burguesia se afirmou enquanto classe dominante nas principais potências da época e expandiu seu poder pelo mundo. Milhares de homens, mulheres e crianças cumpriam uma carga horária massacrante de aproximadamente 14 horas. O movimento operário reagia bravamente. Nesse contexto cresceu o movimento sindical, popular e feminino. As primeiras mulheres a lutarem por melhores condições de trabalho o faziam sem abrir mão da luta revolucionária.


Os Estados Unidos foram, sem dúvida, um dos grandes palcos da luta feminina. Em solo norte-americano foi registrado o primeiro dia da mulher, em 3 de maio de 1908. O jornal The Socialist Woman afirma que cerca de 1.500 mulheres aderiram às reivindicações por igualdade econômica e política no dia dedicado à causa das trabalhadoras. No ano seguinte, a data foi oficializada pelo partido socialista e comemorada em 28 de fevereiro. Reuniu, em Nova York, cerca de 3000 pessoas no centro da cidade. A comemoração impulsionou a greve geral dos trabalhadores de vestuário, que eram em sua maioria jovens mulheres, em novembro de 1909. A greve durou 13 semanas e provocou o fechamento de mais de 500 fábricas de pequeno e médio porte.

Em 1920 Lênin discursa no dia internacional da mulher operária: “fazer a mulher participar do trabalho social produtivo, arrancá-la da escravidão doméstica, libertá-la do jugo degradante e humilhante, eterno e exclusivo do ambiente da cozinha e do quarto dos filhos: eis a tarefa”.
       
Após a Segunda Guerra Mundial, o feminismo teve sua força usurpada pelo conservadorismo Capitalista. O
movimento feminino perde boa parte do caráter de classe que antes o norteava, ficando em sua maioria homogeneizado pelas classes pequeno-burguesas, interessadas em melhorar a situação das mulheres, mas manter inabalada a estrutura social de exploração do trabalho pelo capital.
A burguesia adapta a luta das mulheres aos seus sórdidos interesses. Grande parte do movimento feminista renuncia a luta revolucionária, a bandeira do socialismo e passa a defender uma luta reformista, unicamente preocupada em defender a igualdade de gênero. O feminismo cego, com um fim em si mesmo.

Obviamente a luta das mulheres é válida, tal qual a luta do movimento negro, do movimento LGBT, dos indígenas... Entretanto, as minorias não precisam e não devem lutar sozinhas. Lutar apenas contra aquilo que lhe atinge diretamente. Lutar por salários igualitários, pelo fim dos assédios, contra o machismo e não ir de encontro ao capitalismo é negar a própria luta! A luta contra as desigualdades é uma só, a luta contra o capitalismo, pela libertação nacional e construção do poder popular.

- Da célula Anita Garibaldi, escrito pelas Combatentes Soledad e Marta.