quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Recife em um 7 de Setembro de tensões!

Nota da UNIDADE VERMELHA sobre os atos do 7 de Setembro na cidade do Recife!

Saímos às ruas, a Unidade Vermelha, e saímos cedo, juntamente com os companheiros da RP e do MEPR, que compõem a FIP (Frente Independente Popular). Com as caras pintadas, alguns de vermelho representando o sangue dos lutadores sociais mortos pela ditadura, outros com o rosto pintado de preto, representando o Luto. Na concentração do ato, ainda dentro da estação do metrô, houve uma tentativa de nos intimidar, onde foi mandado soldados do Exército, além da PM e ROCAM, e mesmo assim fomos os mais dialogáveis possíveis, não buscamos causar nenhum problema.

Talvez não fossemos tantos em rua, mas com certeza fomos qualitativamente um grande contraste em relação a marcha dos militares. Numa avenida de duas mãos, seguindo para um sentido, a marcha dos milicos, e noutro nossos barulhentos batuques, incômodos para os ouvidos dos fascistas, e não apenas isso, pois não foram poucos os cartazes com rostos de mortos e torturados pela ditadura militar do Brasil. Nós podíamos ser poucos, mas nossos batuques eram muito mais do que a sinfonia fascista da marcha militar em Pernambuco. Quando passávamos, ao nosso som, todos surpreendidos tinham suas atenções tiradas dos militares e voltadas aos manifestantes, e ao som de nossos tambores até as pessoas que estavam tocando na marcha militar se perdiam do seu ritmo e se atrapalhavam. Tudo isso ao som da “tropa de choque da revolução”! Ao final do desfile, queimamos uma bandeira dos Estados Unidos, enquanto a bandeira rubra da Unidade Vermelha tremulava alta.

Nosso protesto, puxado pela FIP-PE, foi contra o imperialismo Yankee, que lança suas garras sobre o Brasil quando desrespeita nossa soberania ao grampear e monitorar cidadãos brasileiros (inclusive nossa presidente da República), e também exigindo punição aos torturadores e demais crimes hediondos do Regime Militar-Fascista. Eis os motivos da queima da bandeira dos EUA e dos cartazes.

Nem na nossa saída, abaixamos o nosso astral, saímos com nossa moral renovada após um combativo ato de rua. Fomos em direção a estação de metrô, para então todos irmos para casa. Na estação shopping do metrô em Recife, entramos com os ânimos a flor da pele, puxando palavras de ordem contra a truculência policial, afinal, a PM e a ROCAM estavam nos intimidando novamente, com um contingente enorme de policiais, e nos acompanhou até todos entrarmos e pagarmos passagem na estação. Do começo ao fim do ato, desde a concentração estávamos sempre dialogando de modo não buscar confusão, e até o momento de nossa saída foi assim, pelo menos pra nós, mas não pra PM, pois preparou uma emboscada para prender SEM MOTIVO ALGUM o camarada Rodrigo Dantas, integrante da Unidade Vermelha, que já vem sendo perseguido a tempos pelo governo fascista de Eduardo Campos. Para infelicidade deles, tudo foi gravado, o que obrigou a opinião pública a empurrar o governo estadual para defensiva.


Os órgãos oficiais do Estado soltaram diversas versões diferentes, nenhuma delas verdadeira. Alguns afirmavam que foi detido porque se negou entrar pagando a passagem para entrar na estação de metrô, quando as filmagens comprovam que JÁ ESTAVAMOS DENTRO DA ESTAÇÃO. Tal como dizem que foi preso porque estava mascarado (o que não estava), e sabemos bem que mesmo que ele estivesse ainda sim isso não é nenhum ato criminoso. E a mais bizarra declaração, foi a de que foi detido porque “recusou a ordem do policial”, que era a “ordem de ser detido”! Detido por se recusar a ser detido! Digna de ser tachada como aberração jurídica.

Todas essas tensões ocorreram somente pela parte da manhã, mas não pararam por aí. Pela tarde, a intimidação dos policiais e a truculência não só se manteve como aumentou. Começa-se outro ato dessa vez onde a concentração é na Praça do Derby.

O contingente repressivo estava exacerbadamente maior. Claramente a ordem dada do governador Eduardo “Kampf” foi a de que NÃO era para haver protesto. Os manifestantes não conseguiam dar um passo em direção as ruas sem que a polícia desse dois em direção aos manifestantes. A ROCAM, Radio Patrulha, o CHOQUE, a PM e até mesmo o GATI tentaram fechar TODAS as vias possíveis para que se pudesse seguir a manifestação. O fascismo era tanto que só o fato de conseguirmos realizar uma passeata já deve ser considerado um ato radical para aquela conjuntura. Apesar de muitos irmãos negros do Black Bloc terem lamentado do ato não ter tido condições de se seguir a ações mais ousadas, devemos ter a lucidez de perceber que naquelas condições, o simples ato de botar o pé no asfalto da avenida para o dia 7, era como quebrar a vidraça de um banco para qualquer outro dia.

Nem a imprensa (onde boa parte tem rabo preso com o governo de Eduardo Campos) foi poupada da agressividade canina dos policiais. O fotografo do Diário de Pernambuco, recebeu porradas de cassetete na barriga e no peito, e teve suas roupas puxadas, além de ter sido derrubado no chão por tentar filmar a abordagem violenta de outro policial a alguém que estava sendo detido sem motivo algum. Abaixo o vídeo do Diário de Pernambuco:


Nesse tumulto iniciado somente pela Policia Militar a mando do governo estadual e da SDS (secretaria de defesa social) 10 manifestantes foram presos em menos de 15 minutos sem cometerem nenhum delito.

Na delegacia, saindo o BO desses manifestantes, vem a segunda aberração jurídica do dia: Esses manifestantes não foram presos pela policia a toa, foram na verdade presos pessoas que o Wilson Damázio escolheu a dedo, que estava identificando através de câmeras que transmitiam o protesto diretamente pra ele. Os indivíduos presos eram pessoas que vêm com o tempo se destacando como lideranças nas mobilizações populares em PE. Alvos selecionados estrategicamente. TODO ESSE ESQUEMA foi entregue e tornado público pelo policial que os conduziu a delegacia, que por não querer colaborar AINDA MAIS com o fascismo policial que Eduardo Campos e Damázio estão aplicando a PE, não quis complicar a vida dos jovens detidos injustamente, e por isso entregou todo esse esquema escrito no Boletim de Ocorrência. Esse mesmo policial por fazer o que é certo e escancarar o fascismo do governador, foi afastado das suas funções. Abaixo o BO citado:


Isso, companheiros, é apenas um resumo enxuto do que ocorreu no 7 de Setembro de Recife, e que nós da UNIDADE VERMELHA pudemo presenciar. O estado de Pernambuco vivendo sob um regime de semi-ditadura, num verdadeiro Estado policial, orquestrado pelo governador Adolf Campos, com seu leal braço direito Benito Damázio, executado pela nossa SS Pernambucana mais conhecida como Policia Militar, o resquício de Ditadura que sobrou nas instituições policiais do país. Não devemos abaixar nossa cabeça a esses fatos. Se em nosso estado paira um regime que tem por objetivo derrubar os avanços e o crescimento das organizações revolucionários, as forças revolucionárias devem derrubar esse regime!

À Unidade!

- Comandante Hugo.