Nota da UNIDADE VERMELHA sobre os atos do 7 de Setembro na cidade do Recife!
Saímos às ruas, a Unidade Vermelha, e saímos cedo,
juntamente com os companheiros da RP e do MEPR, que compõem a FIP (Frente
Independente Popular). Com as caras pintadas, alguns de vermelho representando
o sangue dos lutadores sociais mortos pela ditadura, outros com o rosto pintado
de preto, representando o Luto. Na concentração do ato, ainda dentro da estação
do metrô, houve uma tentativa de nos intimidar, onde foi mandado soldados do
Exército, além da PM e ROCAM, e mesmo assim fomos os mais dialogáveis possíveis,
não buscamos causar nenhum problema.
Talvez não fossemos tantos em rua, mas com certeza fomos
qualitativamente um grande contraste em relação a marcha dos militares. Numa
avenida de duas mãos, seguindo para um sentido, a marcha dos milicos, e noutro nossos
barulhentos batuques, incômodos para os ouvidos dos fascistas, e não apenas
isso, pois não foram poucos os cartazes com rostos de mortos e torturados pela ditadura
militar do Brasil. Nós podíamos ser poucos, mas nossos batuques eram muito mais
do que a sinfonia fascista da marcha
militar em Pernambuco. Quando passávamos, ao nosso som, todos surpreendidos
tinham suas atenções tiradas dos militares e voltadas aos manifestantes, e ao
som de nossos tambores até as pessoas que estavam tocando na marcha militar se
perdiam do seu ritmo e se atrapalhavam. Tudo isso ao som da “tropa de choque da
revolução”! Ao final do desfile, queimamos uma bandeira dos Estados Unidos, enquanto
a bandeira rubra da Unidade Vermelha tremulava alta.
Nosso protesto, puxado pela FIP-PE, foi contra o imperialismo
Yankee, que lança suas garras sobre o Brasil quando desrespeita nossa soberania
ao grampear e monitorar cidadãos brasileiros (inclusive nossa presidente da República),
e também exigindo punição aos torturadores e demais crimes hediondos do Regime
Militar-Fascista. Eis os motivos da queima da bandeira dos EUA e dos cartazes.
Nem na nossa saída, abaixamos o nosso astral, saímos com
nossa moral renovada após um combativo ato de rua. Fomos em direção a estação
de metrô, para então todos irmos para casa. Na estação shopping do metrô em
Recife, entramos com os ânimos a flor da pele, puxando palavras de ordem contra
a truculência policial, afinal, a PM e a ROCAM estavam nos intimidando
novamente, com um contingente enorme de policiais, e nos acompanhou até todos
entrarmos e pagarmos passagem na estação. Do começo ao fim do ato, desde a
concentração estávamos sempre dialogando de modo não buscar confusão, e até o
momento de nossa saída foi assim, pelo menos pra nós, mas não pra PM, pois
preparou uma emboscada para prender SEM MOTIVO ALGUM o camarada Rodrigo Dantas,
integrante da Unidade Vermelha, que já vem sendo perseguido a tempos pelo governo
fascista de Eduardo Campos. Para infelicidade deles, tudo foi gravado, o que
obrigou a opinião pública a empurrar o governo estadual para defensiva.
Os órgãos oficiais do Estado soltaram diversas versões
diferentes, nenhuma delas verdadeira. Alguns afirmavam que foi detido porque se
negou entrar pagando a passagem para entrar na estação de metrô, quando as
filmagens comprovam que JÁ ESTAVAMOS DENTRO DA ESTAÇÃO. Tal como dizem que foi
preso porque estava mascarado (o que não estava), e sabemos bem que mesmo que
ele estivesse ainda sim isso não é nenhum ato criminoso. E a mais bizarra
declaração, foi a de que foi detido porque “recusou a ordem do policial”, que
era a “ordem de ser detido”! Detido por se recusar a ser detido! Digna de ser
tachada como aberração jurídica.
Todas essas tensões ocorreram somente pela parte da manhã,
mas não pararam por aí. Pela tarde, a intimidação dos policiais e a truculência
não só se manteve como aumentou. Começa-se outro ato dessa vez onde a concentração
é na Praça do Derby.
O contingente repressivo estava exacerbadamente maior. Claramente
a ordem dada do governador Eduardo “Kampf”
foi a de que NÃO era para haver protesto. Os manifestantes não conseguiam dar
um passo em direção as ruas sem que a polícia desse dois em direção aos
manifestantes. A ROCAM, Radio Patrulha, o CHOQUE, a PM e até mesmo o GATI tentaram
fechar TODAS as vias possíveis para que se pudesse seguir a manifestação. O
fascismo era tanto que só o fato de conseguirmos realizar uma passeata já deve
ser considerado um ato radical para aquela conjuntura. Apesar de muitos irmãos negros do Black Bloc terem
lamentado do ato não ter tido condições de se seguir a ações mais ousadas,
devemos ter a lucidez de perceber que naquelas condições, o simples ato de
botar o pé no asfalto da avenida para o dia 7, era como quebrar a vidraça de um
banco para qualquer outro dia.
Nem a imprensa (onde boa parte tem rabo preso com o governo
de Eduardo Campos) foi poupada da agressividade canina dos policiais. O fotografo do Diário de Pernambuco, recebeu
porradas de cassetete na barriga e no peito, e teve suas roupas puxadas, além
de ter sido derrubado no chão por tentar filmar a abordagem violenta de outro
policial a alguém que estava sendo detido sem motivo algum. Abaixo o vídeo do Diário de Pernambuco:
Nesse tumulto
iniciado somente pela Policia Militar a mando do governo estadual e da SDS
(secretaria de defesa social) 10 manifestantes foram presos em menos de 15
minutos sem cometerem nenhum delito.
Na delegacia, saindo o BO desses manifestantes, vem a
segunda aberração jurídica do dia:
Esses manifestantes não foram presos pela policia a toa, foram na verdade
presos pessoas que o Wilson Damázio escolheu a dedo, que estava identificando
através de câmeras que transmitiam o protesto diretamente pra ele. Os indivíduos
presos eram pessoas que vêm com o tempo se destacando como lideranças nas
mobilizações populares em PE. Alvos selecionados estrategicamente. TODO ESSE
ESQUEMA foi entregue e tornado público pelo policial que os conduziu a delegacia,
que por não querer colaborar AINDA MAIS com o fascismo policial que Eduardo
Campos e Damázio estão aplicando a PE, não quis complicar a vida dos jovens
detidos injustamente, e por isso entregou todo esse esquema escrito no Boletim
de Ocorrência. Esse mesmo policial por fazer o que é certo e escancarar o
fascismo do governador, foi afastado das suas funções. Abaixo o BO citado:
Isso, companheiros, é apenas um resumo enxuto do que ocorreu no 7 de Setembro de Recife, e que nós da UNIDADE VERMELHA pudemo presenciar. O estado de Pernambuco vivendo sob um regime de semi-ditadura, num verdadeiro Estado policial, orquestrado pelo governador Adolf Campos, com seu leal braço direito Benito Damázio, executado pela nossa SS Pernambucana mais conhecida como Policia Militar, o resquício de Ditadura que sobrou nas instituições policiais do país. Não devemos abaixar nossa cabeça a esses fatos. Se em nosso estado paira um regime que tem por objetivo derrubar os avanços e o crescimento das organizações revolucionários, as forças revolucionárias devem derrubar esse regime!
À Unidade!
- Comandante Hugo.